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O excesso de comunicação está acabando com a comunicação?

13 outubro 2015 | 19:52

por: Richard Branson (Foto: Divulgação)

Por: Richard Branson /Foto: Divulgação

Achei muito engraçado um desenho animado que vi recentemente, que mostrava dois anjos na porta do céu. Um dizia para o outro: “você já percebeu que os recém-chegados hoje em dia não parecem ter muito a dizer uns para os outros, mas todos têm esse problema estranho de espasmos nos polegares?”

Embora eu talvez nunca chegue à porta do céu, é difícil hoje em dia não ficar preocupado com o fato de que, no nosso admirável mundo novo de mensagens de texto, Snapchat, Instagram, etc., pode ser mais difícil para os empresários e administradores marcarem reuniões — ou até mesmo conseguirem falar com um investidor, fornecedor ou cliente pelo telefone.

Não me entendam mal: não existe maior defensor das mídias sociais do que eu, sinceramente (a propósito, mande um alô no Twitter, Facebook, LinkedIn, Google+, Instagram e Vine), mas embora essas plataformas devam melhorar a nossa conversas ao vivo, e não substituí-las totalmente — nada substitui um novo contato pessoal.

A tecnologia móvel, que facilitou tanto que nos comunicássemos através de longas distâncias usando uma forma de comunicação, está ameaçando outra, à medida que os telefonemas se tornam mais raros. Um exemplo: um amigo me contou recentemente que seu filho de 17 anos ficou perplexo um dia porque seu melhor amigo não estava respondendo às mensagens de texto imediatamente. “Eu sei que ele está lá, então por que não está respondendo?” O filho declarou. Quando meu amigo sugeriu que talvez o filho pudesse “telefonar” para o amigo, foi ridicularizado. “Telefonar? Você está brincando, papai? Isso não seria nada legal!”

Legal ou não, quando se trata de fazer negócios, a capacidade de conduzir conversas por telefone e cara a cara de forma inteligente e pessoal continua sendo uma habilidade essencial, e só é adquirida com a prática. Conseguir sustentar uma conversa com confiança é tão importante quanto causar uma primeira impressão forte e confiante em alguém com quem você quer fazer negócios. O valor dessas habilidades nunca pode ser subestimado. Enquanto isso, você avalia o seu novo parceiro de negócios – formando uma ideia sobre o caráter dele ou dela e sobre a situação.

Não são só as suas habilidades de conversação que precisam ser refinadas se você quiser ter sucesso nos negócios: se você quer agendar uma conversa, você precisa escrever e enviar um e-mail e uma apresentação espetaculares para conseguir essa reunião.

Ou, se você está procurando emprego, o processo de recrutamento também depende da antiquada capacidade de escrever, uma vez que chamar a atenção de um gerente de RH não requer só um currículo bem qualificado, mas também uma carta de apresentação bem escrita e memorável – pouca coisa mudou no que diz respeito a esse processo. E a verdade é que para a maioria das vagas de emprego, é provável que um gerente de RH analise um grande número de candidatos igualmente qualificados que têm cartas de apresentação quase idênticas, educadas e bem formatadas (ainda que maçantes). Como costumo salientar no que diz respeito a vender produtos e serviços: destacar-se em meio à multidão é o nome do jogo. O mesmo vale quando se trata de conseguir um emprego.

O chefe de recursos humanos de uma empresa norte-americana me disse recentemente que eles tinham acabado de contratar uma jovem que parafraseou um comercial de cerveja popular em sua carta de apresentação. Ela escreveu, sem pudores: “Eu posso simplesmente ser ‘a mulher mais interessante do mundo’ — ou pelo menos da sua pilha de currículos!” O efeito “Uau! Veja quanta audácia!” causado pela declaração garantiu-lhe uma entrevista e ela, por fim, conseguiu o emprego — no departamento de marketing, veja só!

Também não devemos ignorar a importância da escrita como forma de comunicação. Eu ainda considero que uma das formas mais impactantes de comunicação é o bilhete escrito a mão. Quer seja para agradecer, expressar condolências ou elogiar, acho que poucas coisas causam uma impressão tão forte quanto a palavra escrita à mão. O fato de que um bilhete não é uma mensagem de texto ou um e-mail rápido faz com que ele seja ainda mais notável, e valioso. É por isso que eu costumava mandar muitos bilhetes manuscritos no começo da Virgin, e ainda hoje eu escrevo e envio muitas cartas escritas à mão. Cada vez mais escolas ao redor do mundo estão deixando de ensinar o alfabeto cursivo — as letras “juntas”, como eu chamo — mas vale a pena aprender a escrevê-lo bem.

Robert Frost uma vez escreveu: “metade do mundo é composta de pessoas que têm algo a dizer e não podem, e a outra metade não tem nada a dizer e continua dizendo”. Embora nunca tenha colocado os olhos num smartphone, o falecido poeta poderia muito bem ter escrito sobre os seus efeitos sobre o mundo de hoje.