Ela nasceu em 12 de dezembro de 1761 em Salvador e se transformou na primeira heroína da independência do Brasil ao ser morta aos 60 anos, atingida por um golpe de baioneta quando resistia à invasão pelas tropas portuguesas ao Convento da Lapa, no Centro da capital baiana.
Historiadora e pesquisadora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), a professora Viviane Carla Bandeira destaca que “uma abadessa, pessoa religiosa que pregava a fé, jamais aceitaria que um espaço sagrado fosse invadido pelo exército. Logo, ao enfrentá-lo foi morta por uma baioneta tornando-se uma grande representação da Independência da Bahia e sua morte repercutiu por todo o país”.
Admiradora da biografia da religiosa, a pesquisadora ressalta sua relevância para a história do país e o protagonismo feminino: “nos estudos sobre essa personalidade, percebi que ela ao se colocar a frente dos soldados, impedindo a entrada no convento, era com a intenção de proteger os seus, mas também mostra a determinação de uma mulher frente ao que estava estabelecido na época”.
“É relevante perceber que mulheres não estavam na frente de luta e no momento que Joana Angélica sacrifica sua vida pelos seus, ela desconstrói esse imaginário, mostrando que as mulheres tiveram grande atuação nesse processo”, acrescenta Viviane Bandeira.
Para a professora da UFRB, a morte de Joana Angélica “foi um marco importante para o processo de Independência da Bahia, visto que a forma cruel como foi assassinada causou uma comoção popular em todo o país, inspirando homens e mulheres nas lutas pela emancipação do Estado que, como alguns autores ressaltam, consolidou a Independência do Brasil”.
A heroína de Salvador – Joana Angélica de Jesus foi uma mulher brasileira, baiana, religiosa, que acabou morta por um soldado português que fazia parte de uma tropa que tentava invadir o Convento da Lapa, justificando a necessidade de encontrar insurgentes que estariam escondidos no espaço.
Como líder e exercendo o seu senso maternal pelas noviças, encarou de frente o grupo para tentar proteger as jovens internas do convento, enquanto elas fugiam por uma espécie de quintal para acessar a área onde, atualmente, está instalada a Estação da Lapa, a maior estação de transbordo de ônibus e metrô de Salvador.
A filha de José Tavares de Almeida e Catarina Maria da Silva havia completado 20 anos quando foi aceita para o noviciado no Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em caráter de exceção, em 1782.
Ela passou a se chamar Joana Angélica de Jesus em 18 de maio de 1783 quando ingressou como irmã da Ordem das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição, onde permaneceu por 20 anos e foi escrivã, mestra de noviças, conselheira, vigária e, por fim, seria convertida a abadessa.
Conforme apontado pela professora Viviane Bandeira, Joana Angélica “sempre será lembrada nos festejos do Dois de Julho como uma representante de um povo mobilizado por um ideal”, mais um ícone a ser reverenciado nas comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, uma das “Mulheres da Independência”.