Três executivos da Andrade Gutierrez afirmaram que o PT pediu, como propina, 1% de todos os contratos que a empreiteira tinha com o governo federal, não apenas com a Petrobras. Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, nesta segunda-feira (25), eles citaram pagamentos a projetos da Eletronuclear e a um empréstimo do BNDES para uma construção na Venezuela. Segundo o jornal O Globo, os delatores informaram que nem todos os valores foram pagos e que parte era repassada na forma de doações oficiais para campanhas petistas. O ex-diretor de relações institucionais da Andrade, Flávio Gomes Machado Filho, afirmou que o pedido de 1% de propina foi feito pelo então presidente do PT, Ricardo Berzoini, durante reunião realizada na sede da empresa em São Paulo, em 2008. Segundo a publicação, o pedido envolvia até obras já realizadas. Além de Machado e Berzoini, estariam na reunião o então tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, João Vaccari Neto e o presidente da companhia, Otávio Azevedo. Machado contou que os executivos achavam que não deveriam fazer os pagamentos “porque não tinha nenhuma ajuda especial” do partido. Ao ser questionado se o pedido foi uma ameaça, o ex-diretor afirmou que “deu para perceber que poderia haver algum tipo de situação desconfortável” para a empresa. “Entendemos como sendo uma pressão. Não foi uma solicitação, que você pode aceitar ou não. A gente achou como uma imposição”, disse a Moro. Esta é a primeira vez que os executivos prestam depoimento após acertarem acordo de delação premiada. Nas audiências anteriores, eles ficaram calados.