Uma pesquisa sobre o perfil dos servidores municipais das capitais brasileiras divulgada essa semana pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV/DAPP), indicou que a prefeitura de Salvador é a que tem a menor quantidade de vínculos (traduzido em servidores) em relação à população. Isso pode ser interpretado como a necessidade de contratação de mais trabalhadores para o atendimento dos cerca de três milhões de habitantes da capital, embora a ação esbarre nas dificuldades financeiras que o País, os estados e as prefeituras vêm enfrentando com a crise econômica. O mesmo estudo desfez alguns mitos sociais, pelo menos em relação à capital baiana: o número de mulheres na prefeitura de Salvador é bem maior que homens: 72,98% contra 27,02%. Elas tem nível de escolaridade melhor e ganham salários superiores. Um percentual de 59,66% tem curso superior completo, contra apenas 39,47% dos homens. Das 14 faixas de renda analisadas na folha salarial da prefeitura, o gênero feminino leva vantagem na maioria dos casos. Por exemplo, na mais baixa renda que vai de zero a um salário-mínimo, existem 7,14% de homens e apenas 4,25% mulheres, ao passo que na de oito a nove mínimos 7,39% são servidoras e 2,02% servidores.
Em nível nacional os gastos municipais per capita com os servidores aumentaram de 2010 a 2014 cerca de 210,5%, bem mais do que nos estados, que foram de 85,7%, e no governo federal, 74,2%. Para cada brasileiro, o gasto anual com o funcionalismo municipal passou de R$ 216 para R$ 671. A explicação para o aumento de despesas é a quantidade de prestação de serviços que foram sendo agregados à rede municipal, como a expansão dos programas do tipo Médico da Família, entre outros. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) realizou a pesquisa com base nos dados da Relação Anual do Trabalho do Ministério da Previdência Social. Teve a intenção de colocar o tema em debate justamente na campanha eleitoral que vai eleger os novos prefeitos e vereadores das cidades brasileiras. O professor Miguel Orillo, da FVG, um dos que coordenaram a pesquisa, explicou que o dado negativo de Salvador é o número pequeno de vínculos (o estudo leva em conta os vínculos trabalhistas, pois um servidor pode ter legalmente mais de um emprego na máquina). Na relação de um vínculo por mil habitantes, Salvador está em último lugar, com um índice de 7,47. O melhor colocado nesse item é João Pessoa, com 38,88. “Veja, não se pode analisar aqui se uma prefeitura tem mais empregados que outra por um problema de inchaço. Aí seria uma outra análise. O que os números indicam é que quando o setor publico tem um índice de funcionários maior em relação à população significa que haverá mais gente para prestar serviço ao cidadão”, disse. Na medição, a Prefeitura de Salvador tem 21,68 mil vínculos, situando-se em 11° lugar entre as capitais. São Paulo, o 1°, conta com 145,36 mil. Orillo destacou, por outro lado, como positivo a maior participação feminina em número, escolaridade e sua remuneração melhor que o gênero masculino. “Na prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo, as mulheres têm maior escolaridade, mas ganham menos que os homens”, contou. Em relação à renda do servidor, quem trabalha em Salvador recebe a sexta melhor remuneração entre as capitais, R$ 3,91 mil em média. É a melhor renda entre os estados nordestinos. Salvador está mal na fita, por outro lado, na “desigualdade da renda média mensal” dos servidores. O estudo pesquisou o “Gini”, que mede a concentração de renda das capitais. O índice de Gini é um número entre 0 e 1 que indica o grau de desigualdade. O índice de Gini igual a zero indica equidade total. Já o índice de Gini igual a 1, indica desigualdade total. Salvador é o segundo pior, com 0,43. Só perde para Cuiabá, 0,44%. A capital com a renda mais equilibrada é Porto Alegre com 0,30.