por Jamil Chade, Estadão
Livros de Paulo Coelho foram confiscados na Líbia, como parte de uma ofensiva por parte de grupos extremistas dentro do próprio governo contra o que chamam de “invasão cultural” do Ocidente e “tendências pervertidas”. Em entrevista, o brasileiro que vive em Genebra lamentou o confisco. Mas alertou que a medida “nunca funcionou na História”. “Confiscar livro remete ao obscurantismo”, disse. “Queimar e proibir livros é o pior que pode existir. Pessoalmente, me sinto triste. Mas a realidade é que queimar pensamentos nunca funcionou”. Autoridades de outras regiões da Líbia também criticaram o confisco. “Essa é uma violação à liberdade”, disse Khalid Najim, chefe da Autoridade Cultural de Al Thanni. À reportagem, Coelho explicou que entrou em contato com embaixadores brasileiros que, numa gestão com o governo líbio, tentariam reverter o confisco. “Não podia ficar sentando vendo meus livros serem queimados”, disse o escritor mais vendido da história. Coelho lembrou que essa não foi a primeira vez que suas obras foram confiscadas. Uma situação parecida ocorreu com ele no Irã. Mas, depois de uma intervenção do governo brasileiro, as autoridades iranianas alegaram que houve um “mal-entendido” e voltaram a autorizar a circulação das obras de Coelho. “Proibir um livro jamais funcionou. Sempre existem canais paralelos e a censura atiça ainda mais a curiosidade pelas obras”, disse o escritor, lembrando que a prática também foi usada no passado pela Igreja Católica.