Enxaqueca crônica, sinusite, infecção, depressão e até ressaca foram diagnósticos iniciais para as intensas dores de cabeça enfrentadas pela engenheira civil Rebeca Diniz, 25 anos. Oito dias depois, no entanto, a causa da cefaleia contínua foi descoberta: trombose cerebral por uso de anticoncepcionais. “Parecia um coração bombeando na cabeça. E a cabeça esquentava”, relembra a jovem em conversa com o Metro1. Além das dores recorrentes, Rebeca também relatou enjoo e fotofobia — sensibilidade a luz. Hoje, quase um mês após o susto enfrentado, precisa conviver com visão dupla — a sensação de “ver tudo dobrado”. No dia 10 de junho, a soteropolitana estava em Itabuna, no interior do estado, já para curtir o São João com amigos quando as dores tiveram início. Como havia saído na noite anterior, Rebeca pensou que poderia ser ressaca. Mas a dor de cabeça só piorava. Ainda na cidade, a engenheira foi a dois hospitais e no quinto dia decidiu voltar para Salvador. Na capital, além do Tereza de Lisieux, Rebeca esteve no Hospital Roberto Santos. Em todas as unidades, recebeu analgésicos e até mesmo remédios intravenosos.
Diagnóstico
O princípio de AVC foi diagnosticado pela médica clínica Carolina Sales, residente em neurologia no Hospital Teresa de Lisieux, em Salvador, no dia 18 de junho. De acordo com a engenheira, a profissional solicitou uma tomografia com contraste, a primeira depois de ter feito outras duas sem essa medicação, em dois hospitais do interior do estado. O resultado mostrou um inchaço em um vaso sanguíneo causado pelo uso contínuo do anticoncepcional. Desde então, Rebeca faz uso de remédios anticoagulantes. “O que eu tive foi um princípio de AVC [Acidente Vascular Cerebral], uma lesão causada por falta de oxigenação no cérebro”, afirmou. Para descobrir a dosagem correta do medicamento em seu organismo, a engenheira está passando por exames de sangue a cada três dias. “Eu ficava com medo de ter sequelas”, revelou. Por causa do diagnóstico, a jovem — que fez uso do anticoncepcional Selene por seis anos — não vai mais poder utilizar as pílulas nem fazer reposição hormonal no futuro, para evitar a formação de novos trombos. Ainda de acordo com a engenheira, o susto foi maior por causa do local onde o trombo se formou. “Eu fiquei muito assustada. Acompanho um grupo no Facebook com relatos de trombose. Só que o mais comum é na perna”, explicou. A engenheira destacou a dor de cabeça como um sintoma muito importante para o seu diagnóstico. “Pode ser algo muito mais sério. Mas por ser um sintoma simples, foi o que dificultou”, explicou. Ela mostrou preocupação com a banalização dos sintomas por parte de alguns médicos que a analisaram antes da internação no Teresa de Lisieux.