Nesta quarta-feira (06), a nossa equipe de reportagem esteve no escritório da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), e ouvimos do veterinário Clemente Fernandes Alves, que mais de 50% da carne consumida no município de Brumado é procedente de abate clandestino. Fernandes disse que, mesmo com os trabalhos de conscientização promovidos pela ADAB, ainda é grande a resistência por parte de criadores e açougueiros que mantém o mercado clandestino em atividade, levando prejuízos à saúde pública. Segundo o veterinário, a carne clandestina é comercializada por alguns açougueiros no mercado municipal e em supermercados e açougues da cidade. Nesses locais, as carnes, além de serem de origem duvidosa, são mantidas fora dos balcões refrigerados, aumentando ainda mais os riscos de contaminação. O levantamento da agência agropecuária mostra ainda que a maior concentração de comercialização e consumo de carne de abate clandestino está nas comunidades rurais, onde é mais difícil de ser realizada a fiscalização adequada e onde os animais são abatidos em terreiros, sem qualquer controle de inspeção sanitária.
O profissional apresentou amostras de carnes contendo vários tumores no fígado do animal abatido, com suspeita de estarem com tuberculose, e foram encontradas esta semana durante um abate controlado. “Só conseguimos essa amostra porque o gado foi encaminhado ao frigorífico local, mas, quando o abate acontece no meio do mato, simplesmente seria removida a parte dos tumores e o produto seguiria normalmente para a mesa do consumidor, que poderia contrair a doença do animal”, alertou o veterinário, reforçando que a carne de abate clandestino pode transmitir várias patologias ao consumidor, como em casos registrados no Distrito de Ibitira, em Rio do Antônio. Como a ADAB não tem a prerrogativa de fiscalizar os açougues e supermercados, a cobrança é para que a vigilância sanitária do município seja mais atuante e intensifique as ações de combate ao comércio clandestino no município.