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Em carta, Temer diz que foi desprezado por Dilma, usado como ‘decoração’ e cita desconfiança

8 dezembro 2015 | 7:50

por Rebeca Menezes. Foto: Divulgação

por Rebeca Menezes. Foto: Divulgação

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), enviou uma carta à presidente Dilma Rousseff (PT) em que se diz “desprezado” pelo governo e cita a desconfiança da petista em relação a ele e ao seu partido. No documento, obtido na íntegra pela Globo News, Temer começa com a frase “as palavras voam, os escritos permanecem” e diz que o documento é “um desabafo que já deveria ter feito há muito tempo”. “Não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade. Tenho-a revelado ao longo destes cinco anos.[…] Entretanto, sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo”, diz o vice-presidente e líder nacional da legenda. Logo após, Temer começa a enumerar diversas situações em que se sentiu “desprezado” por Dilma. Ele afirma que perdeu protagonismo político durante o primeiro mandato da petista, ao ser utilizado como “vice decorativo”, e que foi deixado de lado durante discussões importantes sobre economia e política, sendo chamado apenas em épocas de crise ou para garantir votações no Congresso.

No texto, Michel cita ainda a recente saída do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, e sugere que o Palácio do Planalto manipulou as informações para que fosse divulgado que a decisão fazia parte de uma “conspiração”. “Quando se aprovou o ajuste, nada mais do que fazíamos tinha sequência no governo. Os acordos assumidos no Parlamento não foram cumpridos. Realizamos mais de 60 reuniões de lideres e bancadas ao longo do tempo solicitando apoio com a nossa credibilidade. Fomos obrigados a deixar aquela coordenação”, critica Temer, antes de questionar sobre encontros com o vice-presidente dos Estados Unidos, dos quais não participou.” PMDB tem ciência de que o governo busca promover a sua divisão, o que já tentou no passado, sem sucesso. A senhora sabe que, como Presidente do PMDB, devo manter cauteloso silencio com o objetivo de procurar o que sempre fiz: a unidade partidária.[…] Finalmente, sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção”, conclui o texto. A assessoria de Temer não confirmou o conteúdo da carta, mas confirmou que ele recordou “fatos reveladores” ocorridos durante o primeiro e o atual mandato presidencial. Ainda assim, garantiu que ele não propôs rompimento “com partidos ou com o governo”.

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