Vítima de câncer aos 40 anos, médica deixa carta de despedida e texto viraliza — Brumado VerdadeBrumado Verdade Vítima de câncer aos 40 anos, médica deixa carta de despedida e texto viraliza — Brumado Verdade
MENU
Seja Bem-vindo! Hoje é Quinta, 21 de Novembro de 2024
Publicidade:
Publicidade:

No Banner to display


Acessar
BLOG antigo


Nosso Whatsapp
77 99837-3618

Vítima de câncer aos 40 anos, médica deixa carta de despedida e texto viraliza

31 dezembro 2018 | 7:46

Larissa Medeiros atuava como professora no Paraná; para ela, brigas e desentendimentos precisam ser deixados de lado. Foto: Divulgação

“Queria que todos que puderem começassem a passear, viajar, praticar a leveza no dia a dia… Quem quiser ir, voltar, sair, ficar, silenciar… Siga seu coração… Decida por si… Não esperem permissão para serem felizes”, escreveu numa carta de despedida a médica Larissa Medeiros, que morreu aos 40 anos no sábado (22), vítima de câncer de mama. Natural de Lages (SC), formou-se pela Universidade Federal de Santa Catarina, em 2001, era professora de residência em hematologia e hemoterapia da Universidade Federal do Paraná (UFRP) e atuava no Hospital das Clínicas do estado. Na mensagem deixada à família a que acabou viralizando nas redes sociais, a médica aborda as questões que, em sua opinião, precisam ser deixadas de lado, como brigas e desentendimentos. Destacou também que o que fica de memória são “as risadas, os carinhos, a alegria das viagens que tanto gostava, da comida gostosa fosse caseira ou de um bom restaurante”.

Leia abaixo a íntegra da mensagem, divulgada no Facebook do Conselho Regional de Medicina do Paraná.

“Querida família!

Ando mais reflexiva e ausente… Têm sido dias difíceis. Pensei na morte, mas vi um documentário da minha incoerência, já que é a coisa mais certa… Pedi a Deus uma segunda chance ou força para entender se ele tiver outro propósito. Vou fazer um pedido aqui: hoje minhas chances de cura são menores do que as de sucesso! Luto por 10% de cura!! Sem drama, é um fato!

Quero e vou vencer, com a ajuda de Deus e Nossa Senhora, sem as estatísticas dos homens!

Mas queria com muito carinho que se lembrem das coisas que estou aprendendo…

Hoje ter R$ 1, R$ 2, R$ 5 ou R$ 20 milhões num banco; ter um bilhete de viagem maravilhosa; um vestido lindo ou poder ir em restaurantes incríveis… Um bom vinho, um doce delicioso… NADA NADA disso eu poderia usufruir agora. Não mudaria minhas chances ou acessos a remédios, não teria pique e disposição para viajar (não posso me ausentar por mais de 15 dias pela quimio, que tem dado muitas reações extras), não posso beber, comer muitos doces… E não tenho ânimo físico para usar um lindo vestido com alegria…

A vaidade de crescer cientificamente, ganhar algo na profissão, prestígio??? Nada fica… Perdi tanto tempo com isso… Fui tão tola em vários aspectos… Só o carinho dos amigos colegas e pacientes que o trabalho trouxe… Mas, claro que não serei hipócrita: trabalhar, responsabilidades, ter economias… São coisas importantes, mas NÃO são mais do que viver o hoje… Ter conforto, usufruir das boas coisas da vida valem a pena… Já viver sempre esperando um futuro que pode não chegar, isto é ir morrendo aos poucos.

Então, o que ficou e o que mais me alegra? As boas lembranças dos momentos e experiências que vivi… As risadas, os carinhos, a alegria das viagens que tanto gostava, da comida gostosa fosse caseira ou de um bom restaurante… Os sentimentos verdadeiros e o amor puro da família e tantos amigos queridos que redescobri…

Sei que nada será tão palpável como é para mim que precisei passar por isso porque ter tanta clareza de pensamentos… Ouvia isso dos pacientes mas não coloquei em prática…

Gostaria que experimentassem sem ter que passar por algo ruim para mudar:

Brigas, reclamações, vaidades, conflitos… Acontecem, mas deixam o ar muito pesado, sugam nossa energia e não levam a nada. Transformam a reunião alegre em algo desagradável… Amor, perdão, paz, alegria renovam tudo…

Nós sendo filhos, noras e genros, pais, irmãos, casais, todos iremos errar… Escolher o caminho tem esse desfecho: de acertar ou errar. E errar tem o aprendizado, só o erro traz essa graça de aprender e mudar! Não aprendemos com os erros alheios infelizmente… Os acertos infelizmente também não trazem esse conhecimento todo, por ironia… Ninguém sabe o que é certo… O certo para mim não é para os demais.

Vamos conviver em paz, respeitar a individualidade das pessoas, dos casais, mesmo não sendo nossa opinião. Vamos celebrar a vida, ter prazer nos encontros, evitar brigas ou assuntos pesados… Queria que todos que puderem começassem a passear, viajar, praticar a leveza no dia a dia… Quem quiser ir, voltar, sair, ficar, silenciar… Siga seu coração… Decida por si… Não esperem permissão para serem felizes. Só quem pode nos autorizar somos nós mesmos…

Américo, meu amor, tem me ensinado muito também… Foi um ano terrível para nós… Muitas concessões, ajustes… Mas nosso amor tem aprendido a ser laço de fita, não e nunca NÓ… Nos respeitamos, apoiamos, nos incentivamos mutuamente… Se você está estressado, volta da corrida, leve, com o sorriso mais lindo no rosto e só traz boas energias para mim. Não fala nada pesado, não fala de ninguém, sempre positivo, o melhor companheiro que eu poderia ter… Meu amor ❤! Muitas vezes discordamos, queremos coisas diferentes, mas aprendemos a respeitar a decisão do outro sem perder tempo tentando convencer a nossa maneira… Acho que ganhamos mais amor e respeito!! Amor não é posse ou prisão, é liberdade e respeito…

Sei que ainda temos muito a aprender… Mas acho que estamos no caminho, entre acertos e erros…

Tenho vontade de gritar, para todos que quero bem: ‘Tomem as rédeas de suas vidas… Viajem, namorem, comprem com responsabilidade o que lhes dá prazer… A vida é HOJE!! Só hoje!!! Viagens, comer num lugar gostoso, comprem a roupa bonita que querem…’

Não sabemos se viveremos até o futuro… Se gozaremos da aposentadoria… Se teremos saúde e ânimo para aproveita-lá!! Vivam, vivam, cada um é dono da sua trajetória…

E a vida dará em troca, amor verdadeiro, grandes amigos que farão parte da família… e muito boas memórias…”