Lideranças indígenas participaram nesta terça-feira (10) de uma audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos do Senado para pedir mais diálogo e proteção à Fundação nacional do Índio (Funai). Constitucionalmente, a instituição deve proteger e promover os direitos dos povos originários do Brasil.
A líder indígena Alessandra Munduruku denunciou que a Funai está negociando com o agronegócio sem consultar os povos assistidos pela instituição. Ela também criticou o “desenvolvimento” levado pelo “homem branco” aos territórios ocupados pelos índios.
“A Funai era do índio, agora é do agronegócio. (…) O desenvolvimento para a gente é de morte. Um desenvolvimento para o índio beber água suja”, destacou.
O líder kaiapó Bepnhóti Atydiar entende que o governo de Jair Bolsonaro quer acabar com as terras indígenas, e não há qualquer fiscalização da Funai. “Hoje o governo está olhando só para aquele indígena que quer se envolver com mineração, garimpo e criação de gado”, acrescentou.
O antropólogo Cláudio Eduardo Badaró, representante da Funai, disse que a tarefa constitucional da entidade é respeitar leis e normas, além de se abrir para o novo. Ele admitiu que o futuro dos povos indígenas é incerto no Brasil, mas pode ser visto como promissor, devido à autonomia dada a eles.
“O que nos preocupa é quando nós temos um discurso açodado, desesperado e acusatório e não levamos em conta o trabalho maravilhoso que vem sendo feito por essa equipe maravilhosa que temos na Funai”, disse.