As gêmeas siamesas separadas Júlia e Fernanda Neves, de 5 meses, têm estado de saúde grave, conforme último boletim divulgado pelo Hospital Materno Infantil (HMI), na tarde deste domingo (17). Ainda segundo a unidade de saúde as irmãs nascidas na Bahia estão respirando com a ajuda de aparelhos. No início da manhã, o estado de saúde delas ainda era gravíssimo, também conforme o hospital. Júlia piorou no sábado (16) por não ter conseguido se estabilizar. Já Fernanda havia sofrido, na quinta-feira (14), um pneumotórax, que é o excesso de ar no diafragma. Segundo o cirurgião pediátrico Zacharias Calil, o problema provoca uma maior dificuldade na respiração. Por isso, foi implantado um dreno de emergência. Conforme o médico, na ocasião, a situação foi percebida e normalizada imediatamente. “Logo que percebemos já foi colocado o dreno de emergência, que tira o ar para fora do diafragma, e ela voltou a ficar estável. Esse dispositivo deve ser removido em dois ou três dias só com uma anestesia local”, esclareceu o médico. No entanto, a menina voltou a piorar. Ainda não há previsão de alta para elas. A cirurgia de separação das siamesas foi realizada na última quarta-feira (13). O HMI e o Hemocentro de Goiânia (Hemogo) pedem doações de sangue O positivo para as bebês, que precisam de transfusões durante a recuperação. As duas nasceram unidas pelo tórax e abdômen, compartilhando o fígado e uma membrana do coração.
As siamesas separadas nasceram em Itamaraju, no interior da Bahia. Por conta da condição delas, os pais, Valdenir Neves e Lindalva Nascimento de Jesus, decidiram seguir para a capital goiana, em agosto do ano passado, para obter a cirurgia de separação. Desde então, elas aguardavam na Casa do Interior e, na última segunda-feira (11), as meninas foram internadas no HMI para iniciar o preparo. Apesar da dificuldade de nutrição de uma das irmãs, Calil afirmou que o caso delas é menos complicado do que os gêmeos Arthur e Heitor, que passaram pela cirurgia de separação em fevereiro do ano passado. Eles eram unidos pelo tórax, abdômen e bacia e compartilhavam o fígado e a genitália. Arthur não resistiu e morreu três dias após a operação. Conforme o médico, o caso de Júlia e Fernanda é mais similar à situação enfrentada pelas irmãs Maria Clara e Maria Eduarda, que foram operadas em setembro de 2015. Elas também eram unidas pelo abdômen e compartilhavam fígado e uma membrana do coração. O HMI é considerado referência no parto, tratamento e separação de siameses em todo o Brasil. Em 14 anos, essa será a 16ª cirurgia de separação. De acordo com Calil, foram 27 casos acompanhados pela equipe do hospital nesse período. O primeiro procedimento foi realizado nas gêmeas Raniela e Rafaela Rocha Cardoso, de 12 anos, que nasceram unidas pelo abdômen, passaram pela cirurgia e praticamente não ficaram com sequelas: “Nossa história é impressionante”, afirmou Raniela ao G1 em dezembro de 2014. Informações: G1