Sem saber que estava sendo gravado, o ministro Paulo Guedes (Economia) disse, durante reunião do Conselho de Saúde nesta terça-feira (27), que o coronavírus foi “inventado” pela China e que a vacina desenvolvida pelo país asiático é “menos eficiente” do que as doses fabricadas nos Estados Unidos. Também disse que o setor público não terá capacidade de acompanhar o ritmo de atendimentos na saúde.
A reunião é pública e teve transmissão pelo Facebook, mas o vídeo foi apagado. Um problema técnico no celular do Ministério da Saúde teria interrompido o compartilhamento, segundo justificaram funcionários do governo.
Guedes falava sobre as empresas privadas serem mais eficientes que o setor público. Foi informado que a reunião estava sendo gravada e pediu para que deixasse de ser transmitida. Também estavam presentes os ministros Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) e Marcelo Queiroga (Saúde).
“O chinês inventou o vírus, e a vacina dele é menos efetiva que a do americano. O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa. Então os caras falam: qual é o vírus? É esse? Tá bom. Decodifica. Tá aqui a vacina da Pfizer. É melhor que as outras”, afirmou.
SAÚDE E UNIVERSIDADES PÚBLICAS
Também no encontro, Guedes disse que, há 20 anos, 98% do ensino brasileiro era público, mas ficou evidente que o “Estado não ia dar conta“. Afirmou que a mesma situação deve acontecer na saúde.
“Hoje 77% dos jovens em universidades brasileiras estão no setor privado. O setor público não tinha capacidade de acompanhar o ritmo“, afirmou o ministro. Disse que a rede pública ensina lições sobre “sexo” para crianças de 5 anos. Também relacionou a educação pública ao uso de maconha. “Circulação livre, droga dentro da universidade. Ou seja, Estado caótico“, afirmou. “Eu prevejo o mesmo fenômeno para a saúde. Não há capacidade de investimento para que o Estado consiga acompanhar”.
“Todo mundo vai procurar serviço público, e não há capacidade instalada no setor público para isso. Vai ser impossível”, afirmou. Defendeu que o governo não pode ter a “ilusão” de que será possível fazer uma rede pública para atender todo mundo.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, já acusou a China de ser responsável pela pandemia de covid-19.
Em seu perfil no Twitter, Eduardo disse que o país asiático tem culpa pela disseminação da doença. Sugeriu que o Estado chinês teria escondido “algo grave”, referindo-se ao coronavírus e comparou o caso com Chernobyl.
O comentário criou um desgaste com o país asiático. A Embaixada da China rebateu o deputado e disse que ele havia proferido palavras “extremamente irresponsáveis”. Afirmou que as declarações do congressista soam “familiares” pois seriam uma “imitação dos seus queridos amigos”, completando que Eduardo havia “contraído vírus mental” ao retornar de Miami (EUA) e que está “infectando amizades entre os nossos povos”.