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Pequenas cidades gastam milhões em shows pagos com ‘emendas Pix’

6 junho 2022 | 12:10

De acordo com levantamento, municípios com problemas na oferta de energia elétrica e saneamento básico gastaram somas superiores R$ 14,5 milhões com cachês de artistas. Foto: Jefferson Peixoto/Secom

Pequenas cidades do interior investiram  milhões em shows de cantores, a maioria deles sertanejos, neste ano eleitoral, mostra levantamento do jornal O Estado de S. Paulo e divulgado nesta segunda-feira (6). A maioria dos municípios tem problemas na oferta de energia elétrica, saneamento básico, asfalto ou posto de saúde.

Casos como o da cidade de  Mar Vermelho (AL), localizada a 110 km de Maceió, onde o prefeito André Almeida (MDB) gastou R$ 370 mil com um show de Luan Santana proliferam no país. Em Mar Vermelho, os 3.474 habitantes enfrentam problemas, como falta de saneamento – presente em apenas 14,9% das casas –, ausência de pavimentação – só 24% das moradias estão em ruas com urbanização adequada – e de emprego (9,4% da população estava empregada em 2019).

Segundo o levantamento, pequenas cidades tiveram gastos superiores  R$ 14,5 milhões com cachês de Gusttavo Lima, Zé Neto e Cristiano, Wesley Safadão, Luan Santana e Leonardo em 48 cidades. Os artistas foram contratados por prefeituras para fazer shows neste ano em municípios com menos de 50 mil habitantes.

A festança só foi possível com a ajuda de Brasília: as cidades que contrataram os shows receberam R$ 28,5 milhões em emendas parlamentares de uso livre. São as chamadas “emendas Pix”, também conhecidas como “cheque em branco”. O dinheiro cai direto na conta da prefeitura e nem mesmo os vereadores sabem ao certo quanto será gasto com os shows. Parte dos municípios nem sequer publicou os contratos. Dos 48 shows bancados com verba pública, o levantamento feito pelo O Estado de S. Paulo conseguiu rastrear os cachês em 35 deles.

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