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Robôs impulsionaram críticas de Musk a Moraes no X, mostra estudo

25 abril 2024 | 0:21

A pesquisa identificou e analisou cerca de 90,6 mil postagens, publicadas entre os dias 8 e 9 de abril. Fotos: Nelson Jr./SCO/STF e Reprodução/YouTube

Um levantamento sobre o embate entre o empresário Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no X (antigo Twitter) identificou que quase metade (47,9%) dos perfis que endossaram os argumentos de Musk, responsáveis por 53,7% dos compartilhamentos analisados, foram classificados como inautênticos, popularmente conhecidos como bots ou robôs. O estudo foi realizado pelo Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (NetLab) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A pesquisa identificou e analisou cerca de 90,6 mil postagens, publicadas entre os dias 8 e 9 de abril. As publicações partiram de 39 mil contas que postaram conteúdo em inglês e 30,5 mil em português. Os pesquisadores concluíram que 40,7% das postagens em inglês foram a partir de contas inautênticas, enquanto nos perfis em português essa taxa foi de 33,4%.

O próprio bilionário se diz contra a presença dos robôs na plataforma, comprada por ele em outubro de 2022. Naquele ano, Musk solicitou uma investigação para averiguar os números da plataforma, afirmando que poderiam chegar a 20% do total de contas existentes. Na última semana, ele afirmou que novos usuários do X terão que pagar “pequenas taxas” para publicar mensagens na rede durante os três primeiros meses, como medida para combater os bots.

No grupo que endossa o discurso de Musk, entre os usuários reais, ganham destaque os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Marcel Van Hatten (Novo-RS) e o influenciador Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente João Figueiredo, último a governar o País na ditadura militar. Paulo teve sua conta restrita por ordem judicial e é investigado por desinformação e ataques à democracia.

O outro grupo, que aponta inconsistências e distorções no discurso de Musk, é composto de 35,5% de bots contra 58,6% de contas verdadeiras. Não foram categorizadas 5,7% das contas. Entre os perfis verdadeiros, estão o do Sleeping Giants Brasil, o da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e o do influenciador Felipe Neto.

Outra diferença entre os dois grupos, de apoio e críticas ao bilionário, é a data de criação dos perfis. A comunidade em torno de Musk é formada por 31% de perfis criados nos últimos 24 meses. Entre os bots desse grupo, a taxa sobe para 44,5% de perfis criados recentemente. No grupo oposto, crítico a Musk, 19% dos perfis foram criados nos últimos dois anos. Entre os bots, foram 31%.

Formato do estudo – O NetLab desenvolveu um classificador com ajuda de inteligência artificial para identificar as contas inautênticas, ou seja, que não pertencem ou não representam uma única pessoa, como no caso dos bots – quando um mesmo usuário pode controlar, por meio de softwares, diversas contas falsas que executam tarefas automatizadas. O modelo de machine learning desenvolvido pelo laboratório tem acurácia (proximidade entre a medição e o valor real) de 73% e precisão (consistência nas medições repetidas) de 64%.

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