A Polícia Federal encontrou mensagens em que o general da reserva Mário Fernandes, preso nesta terça-feira (19), narra o encontro que teve com Jair Bolsonaro (PL) em 8 de dezembro de 2022, um dia antes de o então presidente quebrar o silêncio de quase um mês após perder as eleições. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo.
Segundo a reportagem, o diálogo é do dia 9, quando Bolsonaro fez sua primeira declaração a apoiadores no Palácio do Alvorada após a derrota nas urnas.
Em áudio enviado horas depois ao então ajudante de ordens do presidente, tenente-coronel Mauro Cid, o general comemorou a fala e disse que o presidente havia aceitado seu “assessoramento”.
Segundo a PF, Fernandes foi o responsável pela elaboração do plano para matar Lula (PT), então presidente eleito, o vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
“Força, Cid. Meu amigo, muito bacana o presidente ter ido lá à frente ali do Alvorada e ter se pronunciado, cara. Que bacana que ele aceitou aí o nosso assessoramento. Porra, deu a cara pro público dele, pra galera que confia, acredita nele até a morte. Foi muito bacana mesmo, cara. Todo mundo vibrando. Transmite isso pra ele”, disse o general a Cid na noite do dia 9 de dezembro.
Em sua fala a apoiadores no Alvorada, Bolsonaro fez um discurso dúbio e disse se responsabilizar pelos seus erros. Além disso, exaltou sua ligação com as Forças Armadas.
“Tenho certeza que, entre as minhas funções garantidas na Constituição, é ser o chefe supremo das Forças Armadas. As Forças Armadas são essenciais em qualquer país do mundo. Sempre disse, ao longo desses quatro anos, que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo”, disse Bolsonaro, repetindo uma expressão usada diversas vezes ao longo de seu mandato.
Segundo as investigações, Fernandes teria imprimido o planejamento para matar Lula e Moraes em de 9 de novembro de 2022 dentro do Palácio do Planalto, um mês antes de se encontrar com Bolsonaro.
De acordo com as investigações, a data acordada para as execuções era 15 de dezembro de 2022. O ministro do STF, no entanto, já era monitorado desde de 12 de novembro, segundo a PF, após uma reunião dos ” kids pretos” na casa do general Braga Netto, que teria aprovado o planejamento da operação.