A presidente Dilma Rousseff “sai muito enfraquecida” das manifestações que ocorreram neste domingo no Brasil e o volume dos protestos impulsionará o debate sobre impeachment. “Precisamos considerar que tínhamos sobre a mesa três elementos que já eram por si só explosivos: uma paralisia política, uma asfixia econômica e uma crise moral sem precedentes. Juntando com esse elemento de hoje, de povo na rua, isso tudo dá à crise uma dimensão bastante importante, muito grave para a presidente, que obviamente vai impulsionar o debate sobre impeachment”, observa Josias. “Pouca gente hoje considera que a presidente ainda reúna condições de permanecer até 2018. Estreitaram-se muito as margens de manobra do governo”, disse.
“O governo já disse muito e fez pouco. Desde março de 2015, as manifestações estão mais centradas em Dilma, em Lula, no PT e, se formos perceber, hoje os manifestantes diversificaram um pouco os alvos e incluíram personagem que foram como que negligenciados em manifestações anteriores: Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados, Renan Calheiros, presidente do Senado, houve hostilidades também para personagens da oposição, Aécio Neves, Geraldo Alckmin foram hostilizados na avenida Paulista… Isso mostra que as pessoas estão muito impacientes com essa política identificada com a picaretagem. Há um ambiente muito negativo em relação à política de forma geral”, afirmou. “Mas há também, pela primeira vez, uma novidade dessa manifestação, que foi pela primeira vez, uma interlocução entre os organizadores das manifestações de rua e os políticos da oposição. Pela primeira vez, eles sentaram e conversaram, organizaram as manifestações em conjunto, então, já há uma consciência desses dois polos de que um depende do outro para que a manifestação tenha alguma consequência. Diferentemente do que se passou em manifestações anteriores, há uma perspectiva maior de que exista alguma consequência de que resulte em algo, e a perspectiva é de que essa manifestação resulte numa consequência legislativa. Isso depende do Legislativo, com todos os problemas que o Legislativo tem hoje. E a consequência que há de mais à mão é a do impeachment”, analisa. Entre as possibilidades de renúncia, de cassação pela Justiça Eleitoral (se comprovado o uso de dinheiro desviado da Petrobras para o financiamento da campanha da presidente) e a do impeachment, esta última é a que está mais próxima da realidade, na análise de Josias de Souza. “Hoje, os agentes políticos todos têm essa avaliação.” “Desde que tomou posse no segundo mandato, Dilma tem demonstrado capacidade de dar resposta que é muito baixa. desaquecimento da economia, recessão recessão profunda… Não é uma situação banal. Há desemprego, inflação, uma paralisia política, uma crise política também sem precedentes. Há 40 parlamentares enrolados na Lava Jato, entre eles o presidente da Câmara, o presidente do Senado, com 7 inquéritos…” Para Josias, a “falta de resposta da presidente” a essa crise soma-se aos ingredientes que devem dar força à tese de impeachment.