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Autorias indígenas são destaque na quinta edição da Fligê

14 agosto 2022 | 17:38

Foto: Divulgação

A quinta edição da Fligê começou dando destaque aos temas, escritores e artistas indígenas. Desde a quarta-feira (10) até este domingo (14), mesas literárias, expografias e shows compõem a programação da Feira Literária de Mucugê. 

Com a alegria do reencontro e da retomada, o escritor Daniel Munduruku abriu as sessões literárias da Fligê 2022, na noite de quinta-feira (11). Em um Centro Cultural lotado, com  pessoas do lado de fora se apoiando nas janelas para prestigiar as palavras do escritor, Daniel presenteou o público com suas palavras sobre literaturas, ancestralidades, e sobre o poder de preservar as memórias, viver o presente e celebrar outras formas de narrar o tempo.

Com o tema “Literatura e Ancestralidades: o solo originário do gesto”, o escritor falou sobre as nossas origens, não apenas sobre os povos originários, mas da nossa brasilidade, daquilo que nos faz mais humanos. “O que nos compõe são essas diferentes formas de olhar para o mundo”.

Também na quinta-feira (12), a expografia intitulada E(m) trançados sonhos, que aconteceu no Espaço Retomada, contou com a exposição do Manto Sagrado Tupinambá. O objeto foi produzido por Glicélia Tupinambá, cuja inspiração foi advinda do encontro com o manto original  durante a exposição dos 500 anos. 

A peça sagrada do povo Tupinambá podia ser vista unicamente na Europa, o que acarretou em reivindicações por parte dos indígenas para que aquele símbolo de sua história pudesse ser repatriado. Como esse, pelo menos 10 mantos tupinambás registados nos séculos 16 e 17 estão conservados em museus europeus, fazendo com que os descendentes dos povos indígenas que os produziram no passado não tenham direito ao acesso a esses artefatos sagrados. Um primeiro exemplar foi disponibilizado para o Museu Nacional, porém, desapareceu devido ao incêndio que aconteceu em 2018 e destruiu o local.

Da mesma forma, a terceira mesa da Fligê 2022 aconteceu no Centro Cultural, nesta última sexta-feira (12), e abordou o tema Narrativas indígenas: saberes (sobre) vivências. O evento contou com a mediação de Jesuína Tupinambá e a participação da escritora, pedagoga e advogada, Denizia Kawany Fulkaxó; da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, envolvida nas causas políticas e espirituais dos Tupinambás, Glicélia Tupinambá e para o jornalista, graduando em filosofia e mestrando em estudos africanos, povos indígenas e culturas negras, hoje pesquisador e escritor,  Nankupé Tupinambá Fulkaxó, Nankupé Tupinambá Fulkaxó.

Para ela, é de extrema relevância o espaço concedido pela grade de programação da Fligê. “É importante que outras pessoas não falem por nós, mas que dêem espaço para falarmos”, afirmou. Quanto ao contexto pandêmico e o cotidiano dos indígenas, ela pontuou que a comunidade já está acostumada  a viver confinada. E foi nesse período que ela escreveu contos. Porém, garantiu que os índios prezam por serem seres livres. “Nós gostamos de liberdade”.

Para fechar o dia, Gean Ramos encantou o público da Fligê com sua musicalidade. Os saberes e a musicalidade do povo Pankararu, do Sertão de Pernambuco, ecoou e encantou a plateia que vibrou com a potência vocal e identitária do artista.

A tarde de sábado da Fligêzinha (13) foi marcada pela contação de histórias de lendas e contos indígenas, realizada pela escritora Denízia Kawany Fulkaxó, descendente das etnias Fulni-ô, Kariri e Xocó. As crianças presentes no evento puderam aprender mais das histórias dos povos indígenas do Brasil, além de conhecer músicas e danças do povo Fulkaxó.

Durante o evento, a escritora narrou uma história sobre “A cura do mundo – povos da floresta” e sorteou adereços artesanais indígenas e também o seu livro “Kariri Xocó – Contos Indígenas” para crianças que acertassem perguntas relacionadas ao conto. Além disso, Denízia também ensinou ao público infantil e adulto canções e danças dos povos originários. “Tudo isso que eu faço aqui é para transformar, para reflorestar, decolonizar, e eu me sinto muito orgulhosa de ver todos vocês aqui”, afirmou a escritora.