O diagnóstico de diabetes mellitus tipo 1 (criança e adolescente jovem) causa um impacto também nos pais, porque a doença se manifesta de forma abrupta, com um quadro grave que geralmente exige hospitalização, como explica a diretora do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), a endocrinologista Reine Chaves. Com a aceitação e adesão ao tratamento, a vida volta à normalidade.
Foi o que aconteceu com a adolescente Luma Ester Gomes de 19 anos, acompanhada pelo Cedeba há 4 anos. “No início foi muito difícil. Uma fase marcada por rebeldia”, explica Fernanda Gomes, 47 anos, mãe de Luma.
Segundo a médica residente de Endocrinologia do Cedeba, Gabriela Teixeira, mesmo quando o diabetes começa a ser tratado na infância, na adolescência há maior dificuldade para um bom controle. Atualmente, as mães se queixam de outra dificuldade: a crise econômica tem dificultado a garantia de uma alimentação saudável.
As dificuldades para manter o mesmo padrão de alimentação são muito grandes, observa Ivanete Lima, residente no bairro do Nordeste de Amaralina, mãe de Elias, 10, com diagnóstico de diabetes desde os 6 anos.
“No início era tudo novo para mim. Meu filho tinha muitas situações de hipoglicemia e não pensei duas vezes: pedi demissão do meu trabalho. Com a redução da renda e o aumento dos preços dos alimentos, está muito difícil comprar variedade de frutas e verduras. Sem falar nas proteínas, cujos preços dispararam, principalmente os dos derivados do leite”, pontua.
Quem também se queixa da crise econômica é a viúva Ronay Malta, mãe de Railane Malta dos Santos, 16. Ronay trabalha como diarista para complementar a pensão que recebe. Railane leva o tratamento do diabetes muito a sério e usa a insulina, conforme a orientação médica, mas também sabe da importância da alimentação para ficar bem. O que influenciou a sua escolha profissional pela nutrição. “Para ensinar o pessoal a comer bem”, justifica.