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Flávio Bolsonaro e Queiroz são denunciados por lavagem de dinheiro e outros crimes

28 setembro 2020 | 16:40

Dados de quebras de sigilo apontam que Flávio usou pelo menos R$ 2,7 milhões em dinheiro vivo oriundos do esquema das “rachadinhas”. Foto: Diculgação

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Fabrício Queiroz, ex-assessor do filho de Jair Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no esquema das “rachadinhas” no gabinete do parlamentar. Ambos foram acusados por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

De acordo com informações do site O Globo, a denúncia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem cerca de 300 páginas. Entre os indícios que constam no documento estão dados de quebras de sigilo bancário e fiscal, que apontam que Flávio usou pelo menos R$ 2,7 milhões em dinheiro vivo oriundos do esquema das “rachadinhas”.

A investigação foi iniciada em julho de 2018, depois que relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz. O relatório indicou ainda que oito assessores de Flávio faziam repasses para Queiroz, e transferências e depósitos de Márcia Aguiar, Nathália e Evelyn Queiroz, esposa e filhas do ex-assessor.

A quebra de sigilo bancário e fiscal de 106 pessoas, em abril de 2019, permitiu ao MP-RJ reunir provas de esquema no qual os assessores nomeados tinham de devolver a maior parte de seus salários para Queiroz. Muitos eram, inclusive, funcionários fantasmas.

De acordo com a investigação, depois de repassado por transferência, depósito ou em espécie, o dinheiro era lavado e voltava para Flávio por meio de transações imobiliárias, na loja de chocolates e no pagamento de despesas pessoais com dinheiro vivo. O Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) do MP-RJ cita 23 ex-assessores, divididos em três grupos.

O primeiro é formado por 13 ex-funcionários ligados a Queiroz, que depositaram R$ 2,06 milhões na conta bancária de Queiroz ao longo de 11 anos. O segundo grupo é composto por Danielle Nóbrega e Raimuna Veras Magalhães, ex-esposa e mãe de Adriano Nóbrega, ex-capitão do Bope líder de uma milícia de Rio das Pedras e morto em fevereiro, na Bahia. Elas repassaram R$ 200 mil para Queiroz, e as pizzarias de Raimunda repassaram R$ 200 mil para o ex-assessor.

Segundo O Globo, o terceiro grupo é descrito pelo MP-RJ como formado por dez ex-assessores residentes em Resende, cidade onde membros da família Bolsonaro viveram. Nove deles têm parentesco com Ana Cristina Siqueira Valle, ex-esposa e mãe do filho caçula de Jair Bolsonaro. Seis funcionários do núcleo de Resende sacaram em espécie mais de 90% dos salários recebidos, e outros três pelo menos 70%. Ao todo, o montante equivale a R$ 4 milhões.