Logo aos oito meses de idade a americana Jerika Bolen foi diagnosticada com Atrofia Espinhal, uma doença degenerativa que afeta os nervos responsáveis pelo controle dos movimentos. Depois de passar por 30 cirurgias, a jovem decidiu que a dor constante é mais forte que sua vontade de sobreviver. O mês de agosto será o último de Jerika, que vive numa cadeira de rodas e passa 12 horas por dia ligada a um ventilador para assegurar sua respiração. Em entrevista, ela disse que se sente pronta para esse momento há algum tempo, desde que percebeu que seus esforços para continuar não eram feitos para ela, mas para sua família.
Foram 3 anos de conversas com a mãe, Jen Bolen, que decidiu apoiar sua decisão, até que ela programasse a eutanásia. “Se ela estiver em paz com isso, eu vou ter que achar um jeito de ficar em paz também”, contou Jen. “Em 14 anos ela batalhou mais pela vida do que a maioria dos adultos jamais precisará. Ela capaz de decidir por seu corpo e suas dores”, completou. Os últimos dias da vida de Jerika já estão planejados. Ela aproveitará o verão, viajará para passar um tempo com o pai, com quem não tem muito contato, e depois ficará ao lado da mãe. Por fim, ela, a família e os amigos organizaram um baile, com muita música e para o qual ela pretende levar um convidado especial.
A adolescente disse que, desde que tomou a decisão, está super feliz e triste ao mesmo tempo. Ela só tem forças para mover as mãos, que controlam sua cadeira de rodas e o mouse de um computador, o que a fez concluir que não tem qualidade de vida o suficiente para seguir lutando.Sua grande preocupação agora é que as pessoas próximas tomem conta de sua mãe, assegurando que ela se alimente e durma bem após a eutanásia. A notícia pode ser dura, mas levanta um debate importante, que ainda é um grande tabu em diversos países do mundo. No Uruguai e em diversos países da Europa a eutanásia – que significa “boa morte” ou “morte piedosa” – é legalizada. No Brasil, a prática é ilegal e considerada antiética pelo código de medicina.