Sim, muita gente do meio televisivo, e também da imprensa, ainda duvidava do talento de Grazi Massafera. A beleza ‘que abre portas’ e a fama instantânea conquistada no BBB eram usadas como argumento para depreciá-la. Eram. A atuação consistente em Verdades Secretas e a conseqüente indicação a Melhor Atriz no Emmy Internacional serviram como um ‘cala boa’ aos implicantes. Podem continuar não gostando dela, mas agora são obrigados a respeitá-la. Grazi não venceu o prêmio, entregue na noite de segunda-feira (21) em Nova York. Na verdade, o troféu dourado não fará tanta falta. A visibilidade e o reconhecimento internacional servem como valiosa recompensa pela nomeação. Foi uma vingança saborosa, ainda que involuntária, contra vários atores da Globo que a trataram com desprezo e até protagonizaram cenas reais de humilhação nos bastidores.
Ao vê-la sob os holofotes, devem estar com um nó na garganta do tamanho do Emmy – só não maior do que o ego típico de quem precisa desprezar o outro para se sentir melhor, ou menos medíocre. E a TV está lotada de gente assim. Em dez anos como atriz, desde a estreia em Páginas da Vida, Grazi Massafera viveu experiências distintas. Roubou a cena como coadjuvante (Desejo Proibido, 2007), segurou a onda como protagonista de uma novela problemática (Negócio da China, em 2008). Fez uma vilã numa trama complicada (Tempos Modernos 2010), liderou o elenco de uma produção de sucesso (Flor do Caribe, 2013) e agora mostra a evolução profissional na pele da ambígua e cômica Luciane, em A Lei do Amor. Em todos os casos, Grazi inseriu, além do talento em maturação, algo que não se aprende em escolas de interpretação nem se dissimula: carisma. Uma característica que todo ator gostaria de ter – mas poucos a exprimem com naturalidade. Em tempo: Verdades Secretas, de Walcyr Carrasco, ganhou o Emmy Internacional de Melhor Novela. É o décimo quinto Emmy da Globo, única emissora brasileira a vencer o prêmio. Por Jeff Benício