A greve dos professores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) continua. Em votação realizada nesta terça-feira, 18, na Reitoria da universidade, os docentes decidiram manter a paralisação, mas com “indicativo de fim de greve”.
Uma nova assembleia está marcada para o dia 26 deste mês, onde espera-se que a paralisação chegue ao fim definitivo. A votação contou com 263 votos favoráveis à continuidade da greve com indicativo de término, 139 votos pelo fim imediato da paralisação e uma abstenção. A greve já dura 51 dias.
O governo Lula apresentou uma proposta de reajuste, incluindo aumento no auxílio alimentação, um reajuste de 9% para 2025 e 3,5% para 2026, além de outras melhorias na carreira.
Clarissa Paradis, presidente do Sindicato dos Professores das Instituições de Ensino Federais da Bahia (Apub), comentou que a proposta não atende completamente às expectativas, mas é o que pode ser alcançado no momento. “Toda negociação envolve apresentar todas as nossas demandas e tentar conseguir o máximo possível. Mas estamos em um contexto adverso, onde o governo enfrenta dificuldades para sustentar suas políticas públicas dentro de um orçamento muito disputado com o legislativo. Entendemos que a luta pela valorização dos profissionais da universidade pública é constante”, analisou a presidente.
No início da assembleia, um líder do Diretório Central Estudantil (DCE) pediu o fim da greve, argumentando que os estudantes desejam retornar às aulas. Embora tenha recebido alguns aplausos, seu discurso foi fortemente vaiado por professores.
Em seguida, um professor subiu ao palco para pedir desculpas ao estudante, afirmando que “nunca vi professor vaiando aluno”. No entanto, ele também foi vaiado intensamente.
Após a troca de opiniões, o comando local de greve propôs a “preparação de saída” da paralisação, sugerindo uma nova assembleia definitiva para o dia 28. Os principais argumentos incluíam alinhar-se às greves de outras universidades pelo país e facilitar o retorno dos estudantes que moram fora de Salvador e voltaram para suas cidades natais durante a paralisação.
Cerca de 50 universidades federais ainda estão em greve. A maioria optou pela criação de uma “unidade nacional”, com todas as instituições de ensino retomando as atividades ao mesmo tempo. A direção da Apub sugeriu o fim imediato da greve.
Em meio a vaias, aplausos e discussões, um grupo de estudantes da Faculdade de Ciências Humanas da UFBA ocupou a mesa da direção da Apub, pedindo a oportunidade de falar no microfone. Após um longo debate, os estudantes, que são contra o fim da greve, tiveram seu pedido atendido.
O representante dos dissidentes do DCE denunciou uma “política neoliberal que está fazendo o teto da universidade cair em nossas cabeças”. Após seu discurso, ele foi aplaudido de pé por professores que agitavam leques com a palavra “greve”.