Candidato pelo PT à presidência da República, Fernando Haddad foi o último entrevistado na sabatina do Jornal Nacional, na noite desta sexta-feira (14). A entrevista foi marcada por embates entre os jornalistas e o entrevistado, tendo como um dos pontos altos o momento em que o petista se irritou com as provocações de William Bonner, que citou nomes de petistas investigados por corrupção, incluindo a ex-presidente Dilma Rousseff. “Dilma nunca foi condenada. Investigado por investigado, a Rede Globo é investigada. A Rede Globo tem problemas com a Receita Federal. Você condena uma instituição que é investigada? Estamos em um momento em que muitas pessoas são investigadas e muitas absolvidas. Você tem que individualizar cada um a pagar por seus atos. Delação hoje virou indústria, todo mundo fala o que quer para reduzir a pena. Pega 20 anos, não apresenta nenhuma prova, e vai para quatro anos de prisão domiciliar”, disparou o presidenciável, que começou a entrevista cumprimentando o ex-presidente Lula, preso em Curitiba.
Os jornalistas concentraram a entrevista nas avaliações do governo PT e na atuação de Haddad frente a prefeitura de São Paulo (2013-2016). O candidato defendeu que o governo petista forneceu condições para fortalecer os mecanismos que combatem a corrupção, dando autonomia à Polícia Federal e ao Ministério Público, e admitiu que houve falhas nos governos. Questionado sobre ser uma espécie de “candidato poste”, por ter sido indicado pelo ex-presidente Lula, o candidato rebateu: “Na visão dele fui o melhor ministro do seu governo”.
São Paulo – Indagado pela jornalista Renata Vasconcellos por sua rejeição em São Paulo, sendo o primeiro candidato da história da cidade a perder uma releição no primeiro turno, ele jogou a conta para a onda de antipetismo que tomou o Brasil, que teria sido impulsionada por uma “sabotagem” do PSDB. Haddad embasou sua fala pela entrevista dada na quinta-feira (13) ao Estadão pelo senador Tasso Jereissati, ex-presidente nacional do PSDB, que apontou um “conjunto de erros memoráveis” dos tucanos após a eleição de Dilma Rousseff.
“Em 2016 o país tirou uma presidente legitimamente eleita. Foi um ano atípico. Se criou um clima no Brasil de antipetismo enorme. Temer assumiu a presidência. Elegeram o Dória. Pergunte hoje aos eleitores de São Paulo o que eles acham do meu sucessor. O eleitor foi induzido ao erro. Votou com as informações que ele tinha. E o Tasso, tucano, assumiu a culpa ontem. Vou reproduzir a fala de Tasso. ‘Pela primeira vez, questionamos um resultado eleitoral no Brasil, e isso é crime contra a democracia. Aprovamos pautas para prejudicar o PT. Embarcamos em Aécio Neves’”, lembrou Haddad.