O ex-ministro Sergio Moro disse que a Operação Lava Jato “está ameaçada” e e depende da ação da PGR (Procuradoria Geral da República). A declaração foi dada em entrevista ao jornal Correio Braziliense, publicada neste domingo (06).
“A Lava Jato foi a maior operação contra a corrupção na história no Brasil e, infelizmente, tem sofrido reveses neste momento. A continuidade e as condições de trabalho das forças-tarefas do Ministério Público estão ameaçadas. Reverter esse quadro depende muito da Procuradoria-Geral da República”, disse o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública ao ser questionado se a operação havia chegado ao fim.
Na última semana, a operação sofreu duas baixas. O procurador Deltan Dallagnol anunciou a sua saída da força-tarefa da operação em Curitiba e outros sete procuradores da operação em São Paulo assinaram uma demissão coletiva alegando “incompatibilidades insolúveis” com a atuação da procuradora Viviane de Oliveira Martinzes, que não é parte da força-tarefa.
Apesar de o procurador ter justificado a sua saída por uma questão familiar, Moro diz que algumas dificuldades no trabalho colaboraram com a decisão. “As dificuldades de trabalho da força-tarefa e os vários procedimentos injustos abertos contra ele no CNMP tornaram sua permanência cada vez mais penosa”.
Moro elogiou a atuação do colega à frente da operação e disse que ele “merece respeito e reconhecimento pela sua dedicação e comprometimento com a causa pública”. “O procurador Alessandro Oliveira, que deve substituí-lo, é um profissional sério. Espera-se que dê continuidade ao trabalho”, afirmou ele ao jornal.
Questionado sobre a fala do procurador-geral da República Augusto Aras, de que é preciso “corrigir rumos para que o lavajatismo não perdure”, Moro rebateu.
“Não existe ‘lavajatismo’. O que existe são servidores públicos que respeitam o salário pago com dinheiro público e tiveram o cuidado de fazer bem seu trabalho, levando os responsáveis por graves crimes de corrupção a serem punidos de acordo com o devido processo legal. O nome disso é “respeito à lei e ao contribuinte’”, afirmou.