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Lavagem de Itapuã reúne multidão de baianos e turistas na orla da capital baiana

2 fevereiro 2024 | 0:21

A programação cultural contou com 26 entidades culturais que desfilam na orla de Piatã a Itapuã, ao longo de todo dia. Foto: Lucas Moura/Secom PMS

As ruas do trecho de orla entre os bairros de Piatã e Itapuã amanheceram lotadas de baianos e turistas que participaram da Lavagem de Itapuã. Realizada sempre na quinta-feira que antecede a abertura oficial do Carnaval, a festa celebra o 119º aniversário em 2024. Antes mesmo do nascer do sol, o bairro que carrega o nome da festa despertou com as melodias vibrantes de violas, bandolins e maracas do Bando Anunciador, seguidas da tradicional alvorada de fogos.

Moradores saíram pelo bairro convidando a comunidade para a festa. Como marca do simbolismo da lavagem há 30 anos, às 6h, foi realizada a lavagem das “Nativas”, formada por moradoras da localidade. A programação seguiu com o café de Dona Niçu, o cortejo pelas ruas, culminando na lavagem da escadaria da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã realizada por 250 baianas.

Há 27 anos, a baiana Jacilene Monteiro, de 57 anos, participa do ritual de lavagem do tempo religioso. Apaixonada pelo bairro onde vive com a família, ela considera a Lavagem a melhor festa de largo de Salvador. “É a mais linda e movimenta essa energia incrível. É momento de graça pelas realizações e para muita gente uma oportunidade de pagar promessas. Sou muito grata por estar aqui mais um ano com vida e saúde”, frisou.

Nascido e criado no bairro de Itapuã, Nadilson Araújo, 34 anos, participa das comemorações desde criança, e faz questão de acompanhar toda a programação, inclusive a lavagem das escadarias da igreja. “Meu umbigo é ‘enterrado’ aqui em Itapuã, fico realmente radiante com a Lavagem do bairro onde vivo e sempre vivi. É uma satisfação. Começa cedinho com essa parte mais religiosa, mas vai até à noite com muita música e apresentações culturais”, afirma.

Atrações culturais – A programação cultural contou com 26 entidades culturais que desfilam na orla de Piatã a Itapuã, ao longo de todo dia, fazendo da lavagem uma das maiores movimentações culturais de Salvador. O bloco “Mamãe, eu quero abacate” desfila na festa há 27 anos, e reúne moradores de Itapuã. Segundo o coordenador, Isaías Bastos, o fortalecimento das raízes do bairro é o principal propósito da festa centenária.

“Todo mundo do bloco viveu a infância raiz nas nessas ruas aqui. A gente faz uma grande feijoada onde moramos, pegamos a Ladeira do Abaeté e voltamos. Nosso bloquinho é composto de amigos que amam Itapuã”, declarou.

Capoeiristas de vários grupos de Salvador e Região Metropolitana se reuniram na festa para uma enorme roda. Hermógenes Bonfim, mais conhecido como Mestre Saci, 60 anos, explica que a reunião de amigos capoeiristas já é uma tradição da Lavagem. “A gente se encontra todo ano para fazer essa roda e saímos jogando capoeira em vários pontos da festa. É uma delícia. Estão aqui amigos e conhecidos que temos nesse local maravilhoso e a diversão é garantida”, diz.

A tradição de homenagear as pessoas que fizeram história em Itapuã na Lavagem é um jeito de ligar o passado ao presente. Isso deixa a festa mais importante, valoriza a cultura e a comunidade. Os dois homenageados deste ano da Festa de Itapuã são o professor Ricardo Monteiro, diretor do Colégio Lomanto Júnior, e Teresa Conceição Santos, do grupo As Ganhadeiras de Itapuã. Desde 2011, dois personagens significativos da região são homenageados na festa a cada ano.

Oportunidade – Para muitos, a Lavagem é uma boa oportunidade de faturar. Moradora do bairro, Jaqueline Dutra, 36 anos, trabalha como vendedora há pelo menos duas décadas. “Fico esperando o dia da festa para vender minhas bebidas e levar um dinheiro para casa. É sempre uma ótima oportunidade. A festa é sempre tranquila”, frisa a ambulante. Para garantir a fluidez do trabalho dos ambulantes, cerca de 70 agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) atuaram na festa orientando os vendedores.

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