O presidente Lula encarou mais uma vez o figurino de “Lulinha paz e amor” para o Centrão e colocou na conta do Banco Central a culpa da crise econômica enfrentada pelo país. Durante uma hora e quinze minutos de café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto, o presidente estendeu a bandeira branca para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e transformou o mercado e o BC em vilões do governo.
Logo que entrou no Salão Leste do Palácio do Planalto, às 10h24, Lula foi logo dizendo que neste 23 de abril é celebrado o “Dia de São Jorge”, padroeiro do Corinthians, seu time do coração. Discorreu ali sobre novos programas do governo, como o Acredita, que incentiva os pequenos negócios, usou o velho bordão “Nunca antes na história deste País”, mas, ao contrário de outras vezes, passou pano para a crise política que atormenta o Planalto.
A estratégia foi acertada com o publicitário Sidônio Palmeira, marqueteiro de sua campanha, em 2022. Diante de um cenário de incertezas, Lula joga a culpa pelas mazelas do País no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mas poupa os condutores da política, muitos deles na direção de partidos de centro-direita, que estão nos ministérios.
“O mercado está ganhando muito dinheiro com essa taxa de juros e o presidente do Banco Central tem que saber que quem perde dinheiro (…) é o povo brasileiro”, afirmou Lula, ao ser questionado sobre as expectativas divulgadas no Boletim Focus desta terça-feira, que preveem aumento da Selic de 9,13% para 9,5% no fim deste ano. “São os empresários que não conseguem dinheiro para investir. É isso que está em jogo.”
Sem esconder a contrariedade com Campos Neto, a quem já se referiu num passado não muito distante como “esse cidadão”, Lula disse não haver motivo para o presidente do BC estar preocupado com o descontrole da economia porque o Brasil é “um dos países mais seguros do mundo”.