A Polícia Federal encontrou uma série de mensagens nos celulares do tenente-coronel Mauro Cid e de outros investigados que mostram que pelo menos seis oficiais-generais das Forças Armadas discutiram com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a edição de um decreto golpista contra a eleição de Lula (PT).
Segundo a Folha de S. Paulo, as mensagens foram usadas como prova pela PF para pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) a realização da operação desta quinta-feira (8), que mirou aliados de Bolsonaro e militares.
Os oficiais-generais citados são estes: general Braga Netto (candidato a vice-presidente de Bolsonaro), general Estevam Theophilo (ex-chefe do Comando de Operações Terrestres), general Freire Gomes (ex-comandante do Exército), general Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha).
Segundo a PF, os comandantes das Forças Armadas —exceto o brigadeiro Baptista Júnior, da Aeronáutica— participaram de uma reunião em que foi apresentada a minuta de decreto golpista formulada pelo ex-assessor da Presidência Filipe Martins. O então ministro da Defesa também participou do encontro.
A versão apresentada aos chefes militares já havia passado por modificações. “Jair Bolsonaro teria lido e solicitado que Filipe alterasse as ordens contidas na minuta”, disse a PGR (Procuradoria-Geral da República) ao analisar os pedidos de buscas e prisões feitos pela PF.
Como a Folha mostrou, o comandante do Exército relatou a generais próximos sobre os apelos golpistas feitos por Bolsonaro e pelo entorno do ex-presidente. Freire Gomes, porém, alertava que o Alto Comando do Exército já havia decidido não apoiar planos contra o resultado eleitoral.
Alvo da operação desta quinta, o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira foi chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército até 1º de dezembro de 2023, dia em que realizou cerimônia para ir à reserva remunerada da Força.