A informação de que o Ministério da Justiça brasileiro montou um dossiê para monitorar servidores públicos e professores envolvidos em atos contra o fascismo chegou à ONU (Organização das Nações Unidas).
De acordo com o colunista do UOL, Jamil Chade, os relatores da organização mundial foram informados de maneira discreta por pessoas que temem represálias do governo brasileiros. Cientes do dossiê, a ONU se debruça agora no caso, podendo incluir o Brasil em uma espécie de “lista suja” de governos que promovem “intimidações”.
A ação sigilosa do Ministério da Justiça do governo de Jair Bolsonaro foi revelada com exclusividade pelo UOL há duas semanas. Um grupo de 579 servidores federais e estaduais de segurança foi identificado como integrante do “movimento antifascismo”, além de três professores universitários.
Uma das relatoras que foi informada é Agnes Callamard, encarregada de investigar a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi. No início do ano, ela já havia tecido duros comentários contra Bolsonaro. Na ocasião, chegou a pedir autorização para fazer uma missão ao Brasil e investigar execuções e assassinatos sumários no país.
No que se refere ao dossiê, fontes indicam que um dos caminhos avaliados é de que relatores enviem uma carta oficial ao governo brasileiro cobrando esclarecimentos. O gesto seria uma forma de indicar ao país que o caso está sendo acompanhado e colocar pressão.
A comunicação, meses depois, é tornada pública e circulada entre todos os governos, como maneira de constranger o país envolvido.