por Daniel E. de Castr
O último dia de competições do skate nas Olimpíadas de Tóquio deu ao Brasil sua terceira medalha no esporte. Nesta quinta-feira (5), Pedro Barros conquistou a prata na modalidade park. Luiz Francisco e Pedro Quintas, que também avançaram para a final com boas chances, terminaram fora do pódio.
Na melhor de suas três voltas da final, o catarinense de 26 anos obteve 86.14 pontos. Só ficou atrás do australiano Keegan Palmer, que alcançou impressionantes 95.83. O bronze ficou com o norte-americano Cory Juneau, com 84.13. A estreia do skate no programa olímpico já havia dado duas medalhas de prata ao Brasil no street, com Kelvin Hoefler e Rayssa Leal.
Incluídos na conta os resultados da seleção masculina de futebol e dos boxeadores Hebert Souza e Beatriz Ferreira, que ainda descobrirão as cores de suas medalhas, a delegação verde-amarela assegura 19 presenças no pódio no Japão. O número é o mesmo do recorde brasileiro, registrado no Rio de Janeiro, em 2016.
A conquista de Barros podia ser vislumbrada em 2016, quando o skate teve sua estreia confirmada para os Jogos de Tóquio. Aos 21 anos, ele já era um dos grandes nomes da modalidade. O talento precoce levara o skatista de Florianópolis a se profissionalizar aos 13. Em 2009, surgira para o mundo com o terceiro lugar nos X-Games, evento que conquistou por seis vezes entre 2010 e 2016.
Em 2018, com a modalidade já inserida no programa olímpico, foi campeão mundial de park na China. Quando venceu em Nanjing, o multicampeão Barros vivenciou uma experiência nova na carreira.
“Foi bem legal ver a bandeira do Brasil subindo em um outro país, quando eu estava fazendo algo que começou de forma muito natural na minha vida e me levou até lá, para uma competição daquele nível. O skate, com certeza, é algo de que o brasileiro pode se orgulhar”, ele disse ao jornal Folha de S.Paulo em 2019.
O fato de um nome influente como ele ter apoiado a entrada do esporte nas Olimpíadas ajudou a quebrar a resistência que existia por parte da comunidade do skate, que temia as possíveis consequências para as raízes de contracultura e transgressão da atividade em meio aos trâmites estabelecidos pelos Jogos.
Símbolos nacionais, como bandeira, hino e uniforme de delegação, passaram a fazer parte da realidade dos skatistas após a entrada da modalidade no programa olímpico de Tóquio-2020.
O processo de adequação às normas antidoping e mesmo questões em tese mais simples, como estabelecer uma entidade para gerenciar os campeonatos e criar um ranking internacional classificatório para as Olimpíadas, enfrentaram alguns percalços.
“Se a gente estiver trabalhando unido para que o skate mantenha a sua essência, ela não vai deixar de existir. Agora, se todos os skatistas acharem que tudo se resume a essa competição, a essência pode se perder”, afirmou Pedro.
Na época, ele já afirmava que os Jogos proporcionariam uma oportunidade de extrapolar o alcance que o esporte teve no mundo até então. “Buscarei a medalha não para alavancar minha imagem, mas para ajudar o skate brasileiro. O que vai fazer a diferença é a caminhada até lá e a mensagem que estamos passando. Sinceramente, a medalha não muda quem eu sou.”
Nesta quinta, com a temperatura na casa dos 34ºC (sensação térmica de 42ºC), o australiano Keegan Palmer foi até a borda da pista e reverenciou o brasileiro depois que Pedro Barros completou a sua última volta. O medalhista de prata então escalou o concreto, largou o skate e foi correndo abraçar o campeão.
Quando terminou sua última volta, Luiz Francisco, o Luizinho, chutou o capacete para cima e vibrou muito. Parecia que o bronze poderia vir para o brasileiro, mas ficou perto (83.14, contra 84.13 de Juneau).
Reunidos, os skatistas aguardaram a divulgação da pontuação derradeira, que confirmou o pódio com um atleta de cada país e encerrou a jornada do skate em Tóquio no clima amigável que marcou toda a competição. E com mais uma medalha para o Brasil.