A empresa Global Gestão em Saúde é alvo de uma operação de busca e apreensão nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (30), deflagrada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e a Receita. A empresa é um dos alvos da CPI da Covid, em investigação sobre um suposto esquema de lavagem de dinheiro. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Cerca de 50 policiais federais e servidores da Receita Federal também cumprem mandados de busca e apreensão na Grande São Paulo e na cidade de Passos/MG. As ordens judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo/SP.
A medida é a terceira ação policial em duas semanas em endereços relacionados a Francisco Emerson Maximiano. Ele é dono da Global e também da Precisa Medicamentos, que está sob apuração na comissão do Senado sob a suspeita de irregularidades na negociação para compra da vacina indiana Covaxin pelo governo Jair Bolsonaro.
A ação é relacionada à Operação Descarte, iniciada em 2018 em São Paulo. É apurada a suspeita de lavagem de dinheiro com a movimentação que, segundo delação premiada, foi de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões (em valores da época) entre os anos de 2014 e 2016.
A base das investigações é a delação dos advogados Luiz Carlos D’Afonseca Claro —que também é cantor e tem nome artístico de Lulli Chiaro— e Gabriel Claro, seu filho, firmada em 2019.
Em depoimento, Gabriel descreveu como a Global supostamente simulou a compra de sucata, como celulares antigos ou quebrados, por preços acima dos valores de mercado, com o objetivo de gerar dinheiro em espécie.
Essa é a terceira operação policial nas duas últimas semanas com foco nas empresas de Francisco Maximiano. No dia 17 de setembro, a Polícia Federal realizou operação de busca e apreensão de documentos em endereços da Precisa nas cidades de Itapevi e Barueri (ambas na Grande SP). A ação foi realizada sob a justificativa de que era necessário obter documentos principalmente relativos à negociação da Covaxin, que supostamente a empresa ocultava.
Quatro dias depois, a Global foi alvo da operação intitulada “Pés de Barro”, que apura supostas fraudes na venda de medicamentos de alto custo que a empresa fez ao Ministério da Saúde entre 2016 e 2018, na gestão de Ricardo Barros (PP-PR), atual líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados.
A Precisa é investigada pela suspeita de irregularidades na intermediação de um contrato no valor de R$ 1,6 bilhão do Ministério da Saúde para compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin. O preço de cada dose foi de US$ 15, o valor mais caro entre os adquiridos pelo ministério. As suspeitas levantadas pela CPI da Covid levaram à rescisão do contrato.