Um dos apoiadores mais próximos durante sua campanha presidencial, o empresário Paulo Marinho, 68, relatou em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) soube com antecedência da Operação Furna de Onça, deflagrada pela Polícia Federal em 14 de dezembro de 2018 e que tinha como alvo Fabrício Queiroz.
À colunista, Marinhou contou que, na véspera, dia 13, pela manhã, ele Flávio se encontraram já com os advogados Christiano Fragoso e Victor Alves.
“Ele estava absolutamente transtornado. E esse advogado, Victor, dizendo ao advogado Christiano que tinha conversado com o Queiroz na véspera e que o Queiroz tinha dado a ele acesso às contas bancárias para ele checar as acusações que pesavam contra o Queiroz”, afirma.
“O Victor estava absolutamente impressionado com a loucura do Queiroz, que tinha feito uma movimentação bancária de valores absolutamente incompatíveis com tudo o que ele poderia imaginar”.
Segundo Mônica Bergamo, os policiais teriam segurado a operação, então sigilosa, para que ela não ocorresse no meio do segundo turno, prejudicando assim a candidatura de Bolsonaro.
O delegado-informante também teria aconselhado ainda Flávio a demitir Fabrício Queiroz e a filha dele, que trabalhava no gabinete de deputado federal de Jair Bolsonaro em Brasília.
Foi depois de ter relatado o caso Queiroz para o empresário que Flávio contou do dia em que foi avisado antecipadamente sobre a operação que teria como alvo seu ex-funcionário.
Um encontro teria ocorrido na Superintendência da Polícia Federal, na praça Mauá, no Rio de Janeiro. Nele estavam o ex-coronel Miguel Braga, atual chefe de gabinete de Flávio no Senado, o advogado Victor Alves e Val Meliga, que segundo Marinho era “da confiança do Flávio e irmã de dois milicianos que foram presos na Operação Quatro Elementos”.
“O delegado saiu de dentro da superintendência. Na calçada —eu estou contando o que eles me relataram—, o delegado falou: ‘Vai ser deflagrada a Operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio [o filho do presidente era deputado estadual na época]. Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz [Nathalia], que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro [que ainda era deputado federal] em Brasília’”, relatou.
Logo após a entrevista ser publicada, Marinho postou o lema de campanha de Moro no Twitter: “Verdade acima de tudo. Fazer a coisa certa acima de todos.”