Pela primeira vez, o papa Francisco fez uma menção explícita neste domingo (8) aos últimos escândalos envolvendo o Vaticano e afirmou que “roubar documentos é um ato deplorável”. “Roubar é um crime. Divulgar aqueles documentos foi um erro. É um ato deplorável que não contribuiu em nada”, disse o líder da Igreja Católica durante a tradicional celebração do Ângelus, na Praça São Pedro. “Sei que muitos de vocês ficaram perturbados com as notícias dos últimos dias de que documentos reservados da Santa Sé foram pegos e publicados. Este triste fato certamente não me afasta do trabalho de reforma que estamos levando adiante com meus colaboradores, com o apoio de todos vocês e de toda a Igreja.”, argumentou Francisco. “Divulgar aqueles documentos foi um erro. É um ato deplorável”, afirmou o pontífice.
Na última quinta-feira (5), chegaram às bancas dois livros que citam documentos secretos do Vaticano. Um deles, “Avarizia” (Avareza), do jornalista Emiliano Fitipaldi, retrata o império financeiro da Santa Sé e denuncia o gasto de milhares de euros com voos de classe executiva, roupas sob medida e móveis finos utilizados por membros da Igreja. A outra obra, “Via Crucis”, do também jornalista Gianluigi Nuzzi, conta como Francisco tem encontrado resistência para colocar em prática suas reformas por transparência e gestão de gastos no Vaticano. Eleito em março de 2013, após a renúncia histórica de Bento XVI, Francisco criou várias comissões para promover reformas na cúria, algumas delas contra a corrupção e má gestão de instituições financeiras. Mas esta não é a primeira que o Vaticano é assolado por um escândalo de vazamento de documentos. Em 2012, cartas sigilosas sobre divergências entre Bento XVI e seu então secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone, levaram à prisão do mordomo Paolo Gabriele e contribuíram para o Papa renunciar. O caso ficou conhecido como “Vatileaks” e foi Nuzzi quem publicou os documentos, no livro “As Cartas Secretas de Bento XVI”. Agora, o novo vazamento tem sido chamado de “Vatileaks 2” e o suspeito principal é Mario Benotti, funcionário do Palácio Chigi, mas também jornalista com fontes próprias no Vaticano. “Com estupor e profunda amargura, li algumas notícias nos jornais que me relacionam ao ‘Vatileaks’. Queria, primeiramente, destacar minha total alieanação e, depois, dizer que não fui notificado de nada e nem estou sendo investigado”, disse Benotti, defendendo-se.