Integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato se mobilizaram para expor dados sigilosos sobre a corrupção na Venezuela. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo e o site The Intercept Brasil, quem sugeriu a medida aos integrantes foi o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro.
Os diálogos, enviados por uma fonte anônima ao The Intercept Brasil e analisados pela Folha e pelo site, revelam que o propósito principal da iniciativa era dar uma resposta política ao endurecimento do regime imposto pelo ditador Nicolás Maduro ao país vizinho, mesmo que a ação não tivesse efeitos jurídicos.
As mensagens mostram que a Procuradoria-Geral da República e a força-tarefa de Curitiba dedicaram meses de trabalho ao projeto.
Os procuradores começaram a debater o assunto na tarde do dia 5 de agosto de 2017, depois que Moro escreveu ao chefe da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol, no aplicativo Telegram.
“Talvez seja o caso de tornar pública a delação dá Odebrecht sobre propinas na Venezuela”, disse o juiz. “Isso está aqui ou na PGR?”
Em resposta a Moro em 2017, Deltan afirmou: “Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos”, acrescentou o procurador.
Moro retrucou demonstrando que estava mais preocupado com a divulgação das informações da Odebrecht do que com a possibilidade de uma ação judicial. “Tinha pensado inicialmente em tornar público”, escreveu a Deltan. “Acusação daí vcs tem que estudar viabilidade.”
O procurador descreveu a Moro então as opções da força-tarefa. “Naõ dá para tornar público simplesmente porque violaria acordo, mas dá pra enviar informação espontãnea [à Venezuela] e isso torna provável que em algum lugar no caminho alguém possa tornar público”, disse. “Paralelamente, vamos avaliar se cabe acusação.”