Já não é novidade que a vida moderna modificou as formas de interação social e as plataformas onde ocorrem as relações interpessoais. Talvez o maior símbolo da tecnologia atual, o celular foi transformado em uma extensão do corpo, como um órgão capaz de mediar o contato com o mundo, auxiliar o planejamento de ações cotidianas e possibilitar aquele momento de distração para fugir do estresse do dia a dia. Basta uma olhada mais atenta ao redor – seja na rua, no trabalho ou em um passeio pelo shopping – para perceber que a maioria das pessoas, de diferentes gerações e classes sociais, não desgruda do aparelho nem para as funções mais básicas da vida. Mas os dedos nervosos que insistem em digitar a todo momento ou a ansiedade em verificar cada curtida/compartilhamento na internet trazem prejuízos não só para a vida social (real), como também para a saúde, sobretudo quando o celular é utilizado de forma incorreta ou por um período muito longo.
De acordo com o médico especialista em acupuntura Walter Viterbo, a postura inadequada no uso do celular é uma das principais causas das queixas relacionadas a dores musculares. “Há o uso exagerado e inadequado do aparelho, que afeta diretamente os músculos e ligamentos das mãos, nuca e coluna. Essa postura inadequada pode causar tendinite, bursites e doenças na coluna cervical, além de questões oftalmológicas”, explica. A representante comercial Bruna Guerreiro, de 32 anos, sentiu na pele os efeitos negativos do uso prolongado do celular, que incluíam dores nas regiões dos ombros, pescoço e mãos. Sua rotina de trabalho dependia do contato com os clientes que, neste caso, era feito de forma equivocada, com o aparelho posicionado entre a orelha e o ombro, sem o apoio das mãos. Para minimizar as dores, Bruna mudou antigos costumes não só no uso do celular, como também do computador. “Muitas dores vêm do vício da má postura, se você não senta com a coluna reta, fica com os ombros para frente etc. São detalhes que a gente não se dá conta. Não diminuí o uso do telefone, mas parei de segurá-lo no ombro e o ignoro quando estou dirigindo, além de utilizar mais o fone de ouvido e o ‘viva voz’. Hoje priorizo a questão da saúde”, ressalta.