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Justiça condena universitária que chamou colega de macaca

25 agosto 2019 | 7:23


Jéssica estava em uma fila quando foi ofendida. Foto: Divulgação

A Justiça condenou a estudante de Direito Vera Lúcia Santos Barbosa por ter chamado a colega de “macaca” dentro da Faculdade Dois de Julho, no Garcia. A vítima da agressão, Jéssica Pimentel da Silva, 25 anos, registrou a queixa de injúria racial em junho de 2016 e a sentença saiu na semana passada. A acusada foi condenada ao pagamento de uma multa no valor de R$ 2 mil e a reclusão de 1 ano e quatro meses convertidos em serviços prestados à comunidade.

“Esperava condenação. Foi um caso que aconteceu publicamente, repercutiu muito na mídia. Não tinha dúvida quanto à condenação. O julgamento foi até rápido”, declarou a vítima. A agressão ocorreu quando Jéssica esperava em uma fila para pagar a mensalidade do curso. Na ocasião, ela fez um relato em redes sociais narrando o que aconteceu. “Não podemos permitir que pessoas com esse tipo de conduta permaneçam impunes”, escreveu.

Jéssica disse que a sentença pode abrir um precedente para outros processos semelhantes. “Acredito que a questão de ter sido julgado procedente é uma grande vitória. A decisão deve servir como base em outras situações, porque o racismo acontece diariamente. Ainda há um pouco de receio das pessoas de denunciar.

Mas eu não podia me calar. A agressão foi feita por uma estudante Direito, fiquei preocupado que tipo profissional seria ela e a denunciei. A multa é muito pouco para o crime que ela cometeu. Ela foi condenada a reclusão a um ano e quatro meses, mas foi convertida em prestação de serviço à comunidade. A gente está aguardando qual tipo de serviço que será definido em audiência”, declarou.

Ela comentou o fato do racismo ainda ser uma questão latente em Salvador. “Acho um absurdo que ainda exista isso aqui. Você está num lugar onde a cada 10 pessoas nove são negras. Pessoas que costumam ter esse tipo de conduta vão medir as palavras antes de proferir qualquer ofensa”, disse ela.

Jéssica informou ainda que, ao longo desse tempo que transcorria o processo, a acusada nunca a procurou. “É uma idosa que estava prestes a se formar – ela se formou em 2018. A gente se cruzava, mas acredito que ela se sentia envergonhada, porque, assim como me perguntam, perguntavam para a ela também. Mesmo a gente no mesmo ambiente, não houve nenhum tipo de aproximação, nenhum pedido de desculpa”, declarou.