Em caso de afastamento do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do comando da Câmara por determinação do Supremo Tribunal Federal, o comando do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff ficará nas mãos de outro investigado na Lava Jato: Waldir Maranhão (PP-MA), aliado do ex-presidente José Sarney e do próprio Eduardo Cunha. Isso ocorrerá se a Corte julgar procedente o pedido de afastamento do peemedebista feito semana passada pela Procuradoria-Geral da República. O entendimento é o de que a substituição de um pelo outro será automática e não levará à realização de novas eleições internas. A possibilidade de Maranhão presidir a Câmara já é comparada por governistas e oposicionistas à gestão de Severino Cavalcanti (PP-PE). Acusado em 2005 de cobrar propinas de empresários que administravam restaurantes na Câmara, Severino renunciou ao mandato às vésperas da instauração de processo disciplinar no Conselho de Ética porque não conseguia mais presidir a Casa. Sempre que ele tentava presidir as sessões, havia tumulto.
O STF vai decidir sobre o afastamento só em fevereiro, na volta do recesso do Judiciário. O caso está nas mãos do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte, mas a expectativa é de que ele compartilhe a decisão com seus colegas. Os parlamentares entendem que só haveria eleição para presidente da Casa se Cunha renunciasse ou fosse cassado. Essa discussão, no entanto, ainda não foi aprofundada porque aliados e adversários do peemedebista dizem que ainda é cedo para testar nomes. Do “baixo clero”, Maranhão destituiu o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) da relatoria do processo por quebra de decoro parlamentar contra Cunha. Em depoimento, o doleiro Alberto Youssef, delator da Lava Jato, f apontou Maranhão como um dos parlamentares beneficiados pelo esquema de corrupção e desvios na Petrobrás. O deputado do PP também é alvo de dois inquéritos no Supremo em que é acusado de crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens.